sábado, 1 de fevereiro de 2014

Cinco casos políticos

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      Praxes académicas: ideologia e finalidade
   
      Os 100 dias da Câmara do Porto e o mito da independência
   
      A convergência à Esquerda com o PS
   
      A intromissão imperialista na Ucrânia
   
      Hollande ou o socialismo dos sociais-democratas
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Praxes académicas: ideologia e finalidade
   As praxes, com as suas hierarquias, as suas auto-proclamadas elites -- os «doutores» --, que humilham e violentam como querem os caloiros, sendo estes compelidos a aceitar a humilhação e violência no pressuposto de que mais tarde, como «doutores», podem, já como elite, vingar-se nos novos caloiros, são uma manifestação e um veículo de penetração de ideologias reaccionárias, inclusive fascistas, na juventude académica.
   As praxes, desconhecidas e/ou proibidas noutros países, foram ressuscitadas em Portugal no início dos anos oitenta e introduzidas em Universidades onde nunca tinham existido, com grande empenho dos jovens militantes da Direita, incluindo o PS. O seu propósito político era, na altura, claro: afastar os jovens e futuros «intelectuais» de posições e militância progressistas, ganhando-os para concepções elitistas de uma sociedade fortemente hierarquizada e, subordinado a isso, para a aceitação da restauração capitalista em curso, liderada pelo PS.
   Os recentes casos de praxes violentas relançaram a discussão sobre as praxes. Uma discussão que os poderes e os media confinam a preocupações de ordem moral; supostamente resolvidas (os excessos «imorais») através de regulamentação. Com ou sem regulamentação as praxes permanecem um caso político. Efectivamente, continuam a servir, tal como as «queimas», para cultivar sentimentos elitistas entre os estudantes, sentimentos de insensibilidade face à realidade, de afastamento das consciências dos jovens do brutal ataque em curso do grande capital contra os trabalhadores, do enorme retrocesso histórico imposto pela reacção neoliberal. Com ou sem regulamentação a manutenção das praxes é do interesse político da Direita que continua a dominar o país.

Os 100 dias de Câmara do Porto e o mito da independência
   A eleição de Rui Moreira para presidente da Câmara do Porto, na sequência da vitória do seu movimento de independentes nas eleições de 29 de Setembro, deu brado. Os jornais dessa altura cobriram-se de diatribes encomiásticas, louvando as virtudes da «independência»; agora sim, com os movimentos de «independentes» Portugal estaria no bom caminho. Na realidade, mesmo sem se ser militante de um partido, a «independência» é uma quimera. Todos somos dependentes: das nossas convicções, da forma como conseguimos interpretar e compreender a natureza e o mundo, da forma como nos deixamos amarrar ou não aos interesses da classe a que pertencemos e, para todos aqueles que não vão mais longe do que a satisfação de necessidades quotidianas básicas, da forma como estão agarrados a preconceitos e a reconfortantes explicações místicas. Todos estes atributos de dependência se encontram representados de formas diversas nos actuais partidos. Mas, para os «intelectuais» da nossa praça, tinha sido uma descoberta: «independência» é que era bom. Ponto final, parágrafo.
   Bastava, todavia, ter em conta que o movimento de Rui Moreira era apoiado pelo CDS para pensar duas vezes sobre a suposta «independência». De certo modo o movimento de Rui Moreira era a incarnação do célebre gato escondido com o rabo de fora. Isto, entretanto, não retraiu o PS de convergir num acordo com Moreira. O «grande homem de Esquerda», Manuel Pizarro, apressou-se logo nessa senda virtuosa de aliança com a Direita; perdão, com a «independência».
   Em 100 dias de governação o gato saltou do esconderijo e o que mostrou? Para já, isto: a continuação de políticas de direita de Rui Rio, nomeadamente com uma redução em 40% (!) das verbas para requalificar os bairros municipais, e a intenção de privatizar o Mercado do Bolhão; a saída do Executivo de Daniel Bessa (PS), incomodado com o domínio do CDS. Aliás, mal Daniel Bessa saiu, foi logo substituído por um CDS; um CDS puro, sem cartão de independente.

A convergência à Esquerda com o PS
   Surgiram ultimamente dois partidos ou movimentos políticos fundados por ex-bloquistas. O Livre e o 3D (Dignidade, Democracia e Desenvolvimento).
   Não vamos aqui analisar as declarações de intenções destes partidos/movimentos; nem sequer as próprias designações, demonstrativas da valoração de categorias abstractas, tão ao gosto da pequena burguesia.
   Vamos tão-somente olhar para as motivações profundas anunciadas aos media do Livre e do 3D que se resumem nisto: defender a convergência à Esquerda que «impeça o PS de continuar a correr para os braços da Direita». Assim, tout court. As formigas a impedirem o elefante de se mover para a direita. Note-se que, quer o Livre quer o 3D, não se propõem construir novas propostas, conjuntamente com as organizações políticas e sindicais que representam os trabalhadores, propostas que apontem para a ultrapassagem do capitalismo neoliberal na base de um estudo aturado, cientificamente guiado. Não; isso demoraria tempo, envolveria um grande esforço e, além disso, aprender com as lutas dos trabalhadores é de somenos importância para estes ex-bloquistas. Não. Para eles o que interessa é o caminho do intelectual preguiçoso, que já sabe tudo e acha que não tem nada a aprender com os trabalhadores, o caminho da aliança com o PS. Para isso não valia a pena terem saído do BE.
   Vem aqui a propósito lembrar que a «Renovação Comunista» (RC) estabeleceu uma aliança com o PS para as eleições autárquicas da Câmara do Porto. A lógica da RC era a mesma do Livre e do 3D: para «reforçar a Esquerda»! Rapidamente se verificou, como vimos acima, que a RC esperando trazer o PS ao bom caminho da Esquerda, tinha, sem dar por isso, acolhido de facto no seu seio o CDS. Um claro exemplo do que acontece a alianças sem princípios, de quem nem sabe bem que «princípios» tem.
   RC, Livre, 3D,... Que mais se seguirá? Enfim, pequeno burgueses desorientados, gravitando em torno do amor pela social-democracia, cada um convicto de que o seu «atalho» para o «reforço da Esquerda» com o PS é melhor do que o do outro.

A intromissão imperialista na Ucrânia
   A Ucrânia é o novo território cobiçado pelo imperialismo alemão. Quando, no início deste blog, analisámos a crise do euro (de facto, a crise do capitalismo desenvolvido) já caracterizávamos a UE como uma coutada dos interesses do grande capital alemão acolitado pelo francês. Para a Inglaterra a UE é um caso de interesse colateral.
   Todo o imperialismo precisa de novos territórios para onde despejar os seus produtos -- afundando os respectivos povos em dívidas impagáveis --, onde adquirir produtos locais ao desbarato e onde explorar nova e mais barata mão-de-obra. Se há coisa que o imperialismo alemão aprendeu com a segunda guerra mundial é que deve deixar aos EUA as grandes operações militares, abertamente sujas. Fica, assim, livre de se dedicar exclusivamente à componente económica. Predador directo dos povos da UE, o grande capital alemão funciona actualmente como o correligionário europeu mais fiel do grande capital americano.
   Mas há algo no imperialismo alemão que permaneceu depois da segunda guerra mundial: o drang nach Osten («impulso para Leste»). A ex-RDA, a Polónia, a Checoslováquia, a Hungria, a Croácia, a Bulgária, a Roménia, os países bálticos, foram recentes aquisições/colonizações. Só na ex-RDA os grandes capitalistas da Alemanha Ocidental apoderaram-se de activos de 2 triliões de dólares. Tudo em nome da democracia e da liberdade. Não importa que nestes países haja agora miséria e desemprego como nunca houve, que haja uma muito maior desigualdade social, que haja leis racistas e perseguições autorizadas a judeus, ciganos e opositores políticos, que se erijam estátuas a colaboradores de nazis e ex-SS, que se autorizem desfiles imponentes de nazis, que os manuais escolares revejam a história erguendo os nazis a heróis de libertação nacional, que na Estónia 42% da população não possam votar e sejam discriminados por serem de ascendência russa, ucraniana ou bielorussa. Não. Para a UE, a democracia e a liberdade, agora sim, reinam a Leste. O que importa é que a Alemanha colonize estes países com a ajuda do grande capital local. Reproduzindo a riqueza dos 1% do topo à custa do sofrimento dos restantes.
   A Ucrânia é a próxima presa. Uma Ucrânia cheiinha de produtos agrícolas, nomeadamente cereais, bem como de mão-de-obra de qualidade e barata, baratíssima. Ainda por cima com uma dívida externa que em Agosto de 2008 era de 140 biliões de dólares (B$), quase 80% do PIB; agora está muitíssimo mais elevada. Enfim, uma presa apetitosa, prontinha a entrar em «austeridade».
   Só há um obstáculo à conquista desta presa: os laços milenares da Ucrânia com a Rússia, país irmão (em dada época histórica a capital da Rússia era Kiev) com o qual partilha uma língua quase idêntica, uma cultura e história semelhantes e relações económicas profundas, de que o gasoduto vindo da Rússia é apenas um exemplo. Ainda por cima a actual Ucrânia tem um território encravada na Rússia: a Crimeia. Todas estas razões pesaram na balança quando o actual presidente da Ucrânia, do Partido das Regiões, que segue uma linha de soberania nacional, acabou por rejeitar um acordo de associação com a UE. Um acordo que não oferecia nada de especial (foi noticiado na TV que num encontro com uma delegação económica da UE nenhum delegado soube apresentar um único produto industrial que a UE estivesse interessada em comprar à Ucrânia); apenas boas promessas e a necessidade de «austeridade» -- o Conselho Alemão de Relações Internacionais tornou claro que a Ucrânia precisava de ajustes «supervisionados» que implicavam em «medidas de ajuste rigorosas e socialmente muito dolorosas». O FMI, teleguiado pela UE, suspendeu um crédito de 15 B$ por o governo ucraniano não se recusar a conceder subsídios de gás às famílias. Ao invés, a Rússia concedeu à Ucrânia um empréstimo do mesmo valor, bem como cortes no preço do gás fornecido.
   É certo que a Rússia é actualmente um país de capitalismo neoliberal -- com muito menor peso do sector financeiro do que  Alemanha e outros países da UE --, cujos magnates estão também interessados em construir e alargar as suas esferas de influência. Mas o que é um facto é que o apoio económico concedido pela Rússia à Ucrânia não veio acompanhado dos ataques à soberania e às condições de vida dos trabalhadores que acompanhavam o pacote europeu. Todos os observadores são unânimes nisso. Por outro lado, a Ucrânia, como país soberano, tem todo o direito de fazer as suas escolhas sem intromissões do imperialismo. Não assistimos, por exemplo, a manifestações violentas na Ucrânia teleguiadas pela Rússia. O que teria sido fácil, tanto mais que a população da metade Leste da Ucrânia apoia por esmagadora maioria as relações com a Rússia.
   Entretanto, o governo alemão, com a ajuda da CIA, tudo tem feito para conquistar a presa:
  a) A «dinamização» dos partidos da direita e extrema-direita -- que representam uma minoria da população -- contra o governo: o do ex-presidente Yushenko, que, entre outros feitos gloriosos, elevou dois colaboradores fascistas dos nazis (o sinistro Stepan Bandera e seu companheiro Roman Shukevitch) a heróis nacionais, erguendo-lhes estátuas; o da chorosa «vítima» Julia Timoshenko, uma política pró-germânica, justamente posta na prisão por fraude e desvio de fundos; outros partidos, fascistas declarados, com ligações ao Forza Nuova da Itália e ao partido neonazi alemão PND. A dinamização incluiu a injecção de fundos, o fornecimento de peritos da CIA e dos serviços secretos alemães, apoio logístico (incluindo armamento) e passeatas de braço dado de John Caine com a escumalha fascista nas ruas de Kiev. Tudo isto foi mostrado e noticiado em canais internacionais da TV. Um dos que andou de braço dado com Caine disse alto e bom som na TV que o que gostava de fazer era matar judeus e comunistas. O que diriam os media «ocidentais» se Lavrov tivesse andado de braço dado com manifestantes pró-russos nas ruas de Kiev? Pois, apesar da evidente não intromissão da Rússia -- nenhuma fonte ocidental apresentou um único exemplo de tal -- Caine, Obama, Barroso, etc., clamam contra a intromissão da Rússia. Dão conselhos à Rússia para não se intrometer quando eles próprios o fazem!!!
   b) A intimidação, como, p. ex., quando a patética Catherine Ashton, ministra dos Negócios Estrangeiros da UE (mas que raio de ministros são estes, em quem nunca votámos?), ameaçou a Ucrânia de que se não assinasse o acordo com a UE «não seria um interlocutor predizível e de confiança nos mercados internacionais»!
   c) A propaganda «pró-democracia» em doses maciças, como nas emissões constantes da Rádio Europa Livre da CIA contra o governo. Propaganda também de rádios e folhetos dos fascistas ucranianos. Isto numa Ucrânia que cumpre todos os requisitos da «democracia ocidental»! (Como a História tem sistematicamente provado, para a grande burguesia a democracia só é democracia quando serve os seus interesses. Está sempre pronta a destituir pela força ou a liquidar fisicamente quem foi democraticamente eleito se não lhe agrada.)
   d) Manifestações violentas exercida por esquadristas fascistas (grandes peritos em «democracia», pelos vistos), bem organizados como tropas de choque, subsidiados pelo capital alemão e pela CIA (e, provavelmente, pelo NSA). Quando dizemos «manifestações violentas» não nos referimos a manifestações pacíficas que redundaram em episódios de violência; referimo-nos a manifestações em que os esquadristas fascistas já iam com o propósito de causar violência e caos desde o início. Nisto tudo, e como sempre, há muita gente ingenuamente manipulada, que pensa que a adesão à UE vai trazer milagrosamente os luxuosos produtos de consumo exibidos nos escaparates da Alemanha, vai trazer um sem-número de bons empregos e de óptimas oportunidades. As entrevistas de manifestantes passadas na TV mostravam bem a candura de muitos deles.
   Um testemunho claro do interesse pela Ucrânia e pela democracia dos que estão por detrás das manifestações é fornecido pelos seguintes factos: 1) Primeiro, o que estava em causa para eles era o apoio da UE; depois, quando se esboçou uma possibilidade desse acordo, já não era isso que queriam mas a demissão do governo. 2) Depois berraram que sem aderir à UE não iriam ter apoio económico; quando a Rússia forneceu esse apoio, ele não prestava. 3) Exigiram a libertação de presos, detidos por actos de violência e vandalismo; quando a libertação foi concedida a violência escalou, incluindo agressões a membros do governo. Etc., etc.
   A Ucrânia, no actual momento, constitui uma demonstração exemplar dos extremos a que está disposto a ir o imperialismo alemão para satisfazer os seus rapaces apetites capitalistas. Está decidido a não parar com os conflitos de ruas «pró-democracia» enquanto, sob a capa da UE, não tiver conquistado e colonizado a Ucrânia.

Hollande ou o socialismo dos sociais-democratas
   O Presidente da França, destacado membro do Partido Socialista francês (Primeiro-Secretário do PS francês até 18/3/2008) declarou claramente, numa reunião com jornalistas no passado 14 de Janeiro, aquilo que muitos já sabiam: que não é socialista, mas sim, social-democrata.
   Fê-lo a propósito de recentes medidas que anunciou para a França e que se resumem nisto: cortes nos salários e direitos dos trabalhadores, benesses para o capital. Um pacote anunciado com belas promessas de «obter dos empresários» que invistam mais, que criem mais empregos, etc. Os empresários mostraram-se satisfeitos com os cortes nos salários e as benesses para o capital, como, por exemplo, cortes nos impostos e aumento da «flexibilidade» do emprego. Quanto ao resto (investir mais, criar mais emprego) vão pensar nisso... Hollande apelidou o seu pacote de «socialismo da oferta» -- o que eles não inventam! --, querendo com isto dizer que é necessário que as empresas produzam mais.
   Quem não ficou satisfeita com o pacote Hollande, para além dos trabalhadores e partidos da Esquerda, foi a própria esquerda do PS francês, que o criticou asperamente e começou a designá-lo por «social-liberal». Num inquérito sobre se Hollande era mesmo social-democrata ou «social-liberal», o «sim» pelo social-democrata teve apenas 30% de votos (3% de margem de erro). Como é de norma nos PS marca Hollande, Soares, etc., a designação está sempre avançada face à realidade: dizem-se socialistas quando são social-democratas; dizem-se social-democratas quando são «social-liberais»; isto é, quando são de facto liberais, na medida em que os interesses individuais do liberalismo (dos menos de 1% da população) são contraditórios dos interesses colectivos, sociais. Hollande não hesitou em escolher o lado da contradição. Muitos, incluindo a esquerda do PS francês, consideram agora Hollande uma nova versão do «social-liberal»-convertido-ao-neoliberalismo Tony Blair.
   Será que esta viragem de Hollande foi surpreendente? Nem por isso. Ela não é mais do que um exemplo da imposição da lógica interna do capitalismo neoliberal aos «social-liberais»; neste caso, a um «social-liberal» aliado aos interesses imperialistas alemães. Desde que Hollande ascendeu a presidente que prevíamos esta evolução; na altura, com grande descrédito e exclamações indignadas daqueles com quem partilhávamos os nossos pontos de vista. Mas, como sempre, as belas palavras e intenções «socialistas» dos «social-liberais» rapidamente se desmoronam perante os interesses do grande capital.
   Quem também não ficou surpreendido, mas por fundamentos diametralmente opostos, foi o reaccionário de serviço no jornal Público, Vasco Pulido Valente. Numa «Opinião» publicada em 24/1/2014, despeja um rol de falsidades e disparates ao máxim caudal possível: um por frase. Quase todos eles em torno da ideia de que nunca houve (há) socialismo. Aparentemente Pulido Valente não distingue entre propriedade privada e propriedade estatal dos meios de produção. Diz, por exemplo, que na URSS não havia socialismo; logo, havia capitalismo. Não se percebe então, entre outras coisas, a razão de ser de todas as batalhas «épicas» de Gorbatchev, Ieltsin e consortes para desmantelar o sistema económico da URSS (entre outros desmantelamentos), instaurando em vez dele o sistema de «economia de mercado». Para quê, se o socialismo não existia? Porquê, também, a hostilidade dos EUA face à URSS acusada de não ter uma economia livre, seguida de enorme satisfação quando a (ex-)URSS se converteu à «economia de mercado»? Quanto a muitos outros disparates e falsidades basta até uma leitura da wikipedia (versão inglesa), insuspeita de simpatias comunistas, para os pôr a nu. Decididamente, para encontrar nos dias de hoje um «intelectual» do calibre de Pulido Valente, é necessário procurar bem baixo nas catacumbas do mais ignorante e boçal reaccionarismo.